SMDS lança livro com 20 escritores gonçalenses

“Eu não sei escrever, nem ler, mas a minha mente não parou. Vim do Espírito Santo com 13 anos, aqui casei e tive 10 filhos. Hoje sou avó, bisavó, com 78 anos, e ainda tenho inspiração. A minha mente continua criando”, disse Maria da Penha, moradora do bairro Vista Alegre, que teve sua poesia publicada no livro que reuniu 20 produções de moradores de diferentes bairros da cidade de São Gonçalo. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo, lançou a obra na noite desta terça-feira, no Partage Shopping. Mais de 100 pessoas, entre escritores, familiares, equipes dos CRAS e Serviço de Convivência, estiveram presentes na programação, que virou um grande sarau, com leitura de poemas e apresentações.

A ideia do livro surgiu a partir do concurso Café com Poesia, realizado em todos os Centros de Referência e Assistência Social (CRAS), por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Dentre as atividades realizadas no serviço estão o acesso a diferentes expressões culturais e artísticas, de forma gratuita, dentre elas, a escrita. E foi a paixão pela escrita que levou a jovem Juliana Pacheco, de 16 anos, a enviar nove poemas para a seleção. E foi com um deles que ela conquistou o primeiro lugar na premiação que homenageou três escritores. Com a audição comprometida, ela conta com a ajuda da amiga Gisela da Silva, de 17 anos. Amigas desde a infância, Juliana escreve e Gisela lê e aconselha a amiga na criação.

“É uma coisa inédita para mim. Eu comecei a escrever porque uma professora de português me influenciou e fico muito feliz de ver que ela tinha razão e que estou no caminho certo”, disse a jovem autora, do CRAS Marambaia.

Assim como ela, Yasmin Vitória, do CRAS Salgueiro, de apenas 12 anos, que conquistou o terceiro lugar na premiação, também teve a professora de redação como inspiração.

“Eu achei a ideia do concurso muito boa, e fiquei feliz em fazer parte disso. Eu nem acredito que tem um texto meu publicado em um livro”, comemorou a estudante que participou da publicação junto das amigas Laís Oliveira, de 10 anos, e Yasmin Duarte, 8.

Ao lado de cada texto, foram publicadas também as fotos dos autores e suas biografias. Para o poeta Rodrigo Santos, um dos idealizadores do projeto, uma das peças chaves desse livro foi o registro do rosto e das memórias de quem escreve.

“Quando comecei a escrever, eu tinha 13 anos, e não conhecia o rosto de nenhum escritor. Poder proporcionar essa visibilidade pra quem muitas vezes só precisa de uma oportunidade, pessoas de todas as idades que estão criando, escrevendo. Tem muito potencial nesse livro. Muita gente boa e com um futuro promissor! Só tenho a agradecer a secretaria por me permitir fazer parte desse projeto”, disse.

O secretário Marlos Costa, que acompanhou de perto a idealização do projeto, falou sobre a importância da arte e de iniciativas como essa na garantia dos direitos da população.

“Só tenho a agradecer pelo empenho, dedicação e parceria da subsecretária Thaisa Chaves e todas as equipes dos CRAS e do Serviço de Convivência. Em um cenário político de retrocesso de direitos no nosso país, poder lançar um livro, celebrar a arte e ter tanta gente sonhando junto é seguir resistindo”, afirmou.