Assistência Social
Aulas na Padaria Escola seguem a todo vapor
21/04/2025
As denúncias de violações contra crianças e adolescentes lideram a lista de atendimentos do Disque 100, principal meio para comunicar violações dos direitos humanos. Só em 2017 foram registrados no canal mais de 20 mil casos de crianças vítimas de violência sexual, segundo dados da Agência Brasil. Com o objetivo de fortalecer a atuação da Rede de Proteção na defesa e no enfrentamento às violências sexuais e autoproteção, a Secretaria de Desenvolvimento Social reuniu as equipes técnicas da rede no encontro “Crescer Sem Violência”, projeto em parceria com o Canal Futura, que aconteceu ontem e hoje (27 e 28), na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), no bairro Trindade.
Em parceria com a Childhood Brasil – que entra com o apoio técnico ao conteúdo -, Fundação Vale e Unicef Brasil, o Canal Futura criou as séries “Que exploração é essa?” (em 2009) e “Que abuso é esse?” (em 2014) para abordar o tema: violência sexual praticada contra crianças e adolescentes.
A facilitadora e uma das palestrantes do projeto, Luciana Ribeiro, entende a urgência de falar sobre o assunto a partir dos números de denúncias cada vez mais expressivos.
“Quando acessamos os dados e vemos que a maioria das denúncias do Disque 100 são de violência sexual contra a criança, com números assustadores, enxergamos a necessidade e a urgência de falar sobre sexualidade. Falar sobre corpo não é falar só de sexo. Nossa proposta é falar sobre educação sexual de uma forma mais ampla. O objetivo da formação é refletir a partir das estruturas que sustentam um sistema violento de exploração sexual e abuso. É necessário e urgente que cada profissional qualifique a sua escuta e o seu olhar. Na verdade a oficina não é sobre conceitos, a gente parte de uma reflexão, compreendendo que vivemos em uma sociedade machista, racista e que estrutura essa violência”, explicou Luciana.
Com a proposta de unir profissionais da Proteção Social Básica (PSB) e da Proteção Social Especial (PSE) para uma troca de experiências, o encontro reuniu técnicos dos CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). Dentre os temas abordados a atividade contou com dinâmicas, debates sobre políticas e ações de garantia de direitos e estratégias para ampliar o olhar dos profissionais para o cotidiano e possíveis situações de enfrentamento e denúncia à violência.
“Essas formações são de grande importância porque nos lembram de que a violência está presente no nosso dia a dia, muitas vezes tão próxima de nós, e precisamos ter um olhar atento independentemente do ambiente em que estivermos”, disse Angélica Souza, coordenadora do Serviço Especializado em abordagem social para crianças e adolescentes (Seaca).
Para Susana Gonçalves, coordenadora do Programa de Radicação do Trabalho Infantil (PETI), que realizou a articulação com o Canal Futura junto a equipe da PSE, esse encontro foi de grande importância para o aprimoramento das redes.
“Essa articulação para o município é importante para que possamos, a partir do que foi absorvido, discutir questões relacionadas ao abuso sexual, a proteção dessa criança, o atendimento e os encaminhamentos necessários”, afirmou Susana.
De acordo com o Dossiê Mulher 2018, dos mais de 4 mil casos de estupro registrados no Estado do Rio de Janeiro, quase 67% eram de adolescentes ou crianças, e, em quase metade dos casos, os abusadores eram parentes ou conhecidos bem próximos. Além disso, 68% foram vítimas dentro de casa. Para a subsecretária de Proteção Social Especial, Mariângela Valviesse, para além de uma capacitação setorial, discutir e pensar formas de combater a violência contra crianças e adolescentes é um aprendizado para a vida e um dever de toda a sociedade.
“Acredito que através dessa parceria, a Secretaria de Desenvolvimento Social mais uma vez investe na formação da equipe técnica. É fato que nenhuma formação é definitiva, mas compreende um processo de reflexão que exige de cada um de nós um exercício permanente de promover um novo olhar a respeito da violência sexual. Não basta falar sobre o assunto, indignar-se, é necessário pensar, discutir e ampliar os conhecimentos sobre todos os níveis de violência infantil que acontecem para além do espaço de trabalho. Esse é um aprendizado para a vida!”, disse.
Para o prefeito José Luiz Nanci, a capacitação reflete na construção e realização de políticas públicas efetivas.
“Para além de equipar as instituições, queremos também qualificar quem atua em cada uma delas, e poder realizar uma capacitação como essa, com uma parceria tão importante, reflete ainda mais o nosso empenho, quanto Governo, de promover e assegurar políticas públicas que garantam uma infância digna para todas as crianças gonçalenses”, disse.
Autor: Thayná Valente
Foto: Lucas Alvarenga e Nado Dias
Fonte: SMDS
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