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Seminário sobre Feminicídio atrai mais de 300 pessoas em São Gonçalo

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Publicado em:  21/03/2019

Por dia, a Delegacia da Mulher em São Gonçalo contabiliza cerca de 10 registros de ocorrência de violência contra a mulher. No Estado do Rio, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), apenas em janeiro, 30 tentativas e cinco feminicídios foram contabilizados. O número crescente da violência evidencia cada vez mais a importância de políticas públicas que assegurem a vida das mulheres com dignidade. Pensando sobre isso, a Subsecretaria de Políticas para Mulheres realizou nesta quinta-feira (21) o Seminário sobre Feminicídio. Com mais de 400 inscritos, o evento aconteceu no Sesc SG, e contou com a presença de autoridades políticas, movimentos sociais e lideranças da cidade.

“Esse é um tema que precisa ser discutido, por isso um encontro como esse é tão importante. A violência contra a mulher faz mal a toda a sociedade, por isso essa conversa precisa ser com todos e todas. Tenho certeza que cada um aqui hoje será um multiplicador da defesa da vida e da dignidade das mulheres”, afirmou a subsecretária de Políticas para Mulheres, Andrea Machado, pasta que recebeu em 2018 o Selo Mais Mulher, idealizado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos.

O tema central da atividade foi “A cultura da violência contra a mulher e o feminicídio no Brasil”, através das falas da juíza Adriana Mello, a defensora pública que atua na defesa dos direitos da mulher, Flavia Nascimento, e a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam-SG), Débora Rodrigues.

“A cultura da violência contra a mulher existe. Nós ainda não rompemos esse paradigma de descolonização. Ainda vivemos como uma colônia, onde o turismo sexual, a violência e as violações são naturalizadas. Os últimos mapas e pesquisas mostram, sobretudo, que o índice de morte de mulheres negras cresceu mais do que o de mulheres brancas. O Brasil é um país extremamente racista, e nós ainda vivemos como num período colonial. É urgente questionar a permanência de mortes evitáveis!”, enfatizou a juiza, Adriana Mello.

Para a defensora pública, pensar políticas que garantam a prevenção e o acesso à informação são fundamentais.

“A vulnerabilidade das mulheres em situação de violência é muito grande. Temos que pensar a prevenção e fortalecer as mulheres facilitando o acesso aos seus direitos e como acessá-los. Existem muitas que não conseguem perceber que estão inseridas em uma situação de violência”, afirmou.

Em São Gonçalo, através da Secretaria de Políticas públicas para a Mulher, Idoso e Pessoa com Deficiência, a rede de proteção e prevenção conta com os Centros Especial de Orientação à Mulher (Ceom). Formados por equipes multidisciplinares, os Centros (Zuzu Angel e Patrícia Acioli) possuem psicólogas, assistentes sociais, advogado e guarda municipal, que formam uma rede de apoio e acolhimento às mulheres que chegam ao local, e estão em constante articulação com as redes de proteção como o Movimento de Mulheres, Defensoria Pública, Ministério Público e delegacias especializadas. Os Centros já atenderam mais de 70 mil mulheres em São Gonçalo, e são pioneiros como política de acolhimento a mulher no Estado do Rio.

Apesar do esforço direcionado ao fim da violência, a delegada Débora afirma que ainda é preciso conscientizar a sociedade como um todo.

“Até março deste ano tivemos mais de 800 casos registrados de tentativa de feminicídio em São Gonçalo. O que a gente vive é uma naturalização da violência contra a mulher. Somos o quinto país no mundo com os maiores índices de feminicídio. A nossa realidade é que de fato há um menosprezo pela vida das mulheres, e a sociedade como um todo precisa lutar para que isso acabe”, destacou.

Para a secretária de Políticas Públicas para Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência e Desenvolvimento Social, Marta Maria Figueiredo, mais que discutir um tema, o encontro propõe ações concretas no enfrentamento à violência e à violação de direitos.

“Estarmos realizando esse seminário se alinha com uma intenção de cada vez mais fortalecermos essa rede de proteção para todas as mulheres dentro do município. Tivemos mais de 400 inscrições, e o objetivo fica claro que a multiplicação desse conhecimento será fundamental no combate à violência. No Brasil temos um alto índice de subnotificações. E quando as mulheres chegam a aparecer na estatística como vítimas por morte é porque a violência já chegou em um nível em que ela não teve forças para denunciar antes que isso acontecesse. O medo e a opressão as impedem de romper com esse ciclo. Por isso, acredito que daqui sairão multiplicadores que entenderão a importância de reconhecer os sinais da violência e denunciar!”, ressaltou

Caminhada – Encerrando as atividades do mês de comemoração e luta pelas mulheres, acontece no próximo sábado (23) a 7ª Caminhada São Gonçalo de mãos dadas pelo fim da violência contra a mulher. A concentração será realizada às 8h30, em frente ao INSS-SG, na Rua Coronel Moreira César, Centro, e seguirá até a Praça Doutor Luiz Palmier (Praça da Marisa), no Rôdo.

Na chegada à Praça Luiz Palmier, os participantes da caminhada encontrarão uma ação social que acontecerá no local, com atividades de lazer, atendimentos multidisciplinares, testes ISTs, aferição de pressão, entre outros. A ação tem apoio das secretarias de Saúde, de Esporte e Lazer, Cultura e Turismo, Segurança Pública, Desenvolvimento Social, Guarda Municipal e Cruz Vermelha.

Percurso
– 8h30: concentração
– 9h: ginástica e alongamento
– 9h30: saída para caminhada
– 10h: chegada na Praça Doutor Luiz Palmier

Autor: Ascom
Foto: Jonas Guimarães

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