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Prevenção Combinada como política pública amplia a prevenção ao HIV em São Gonçalo

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Publicado em:  13/12/2019

“Perdi muitos amigos e amigas para o HIV, independentemente da orientação sexual. Você não precisa ter uma vida sexual tão ativa, mas tem que se prevenir!”, contou Stefani Brasil, de 49 anos. Mulher trans e ativista pelos direitos da população LGBTQI+, ela é uma das 50 pessoas que hoje realizam o tratamento contínuo da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), através do Programa Municipal de Ist/Aids, na Clínica Municipal do Barro Vermelho. Preconizado como um dos métodos da Prevenção Combinada, do Ministério da Saúde, o tratamento é gratuito e um grande aliado da saúde pública na prevenção ao HIV.

“Eu faço o acompanhamento de travestis e pessoas transsexuais para a realização do teste rápido. Quando conheci o que era o PrEP fiz questão de querer tomar e me proteger. Fui muito bem recebida e acolhida! Hoje, o câncer mata mais do que o HIV, mas as pessoas ainda têm medo de fazer o teste. Mas, esse é o melhor método para saber e iniciar o tratamento o quanto antes. Depois de muito tempo ajudando as pessoas, finalmente fiz o meu, que deu negativo!” , disse Stefani, que realiza o tratamento há um mês.

O PrEP é uma medicação de uso contínuo e diário que cria uma barreira de proteção antes de uma possível exposição ao vírus HIV. No Brasil, o tratamento virou política pública através do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017. E neste ano, desde maio, foi implementado em São Gonçalo, através do Programa Municipal de Ist/Aids. O tratamento tem como público prioritário pessoas trans, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e parceiros sorodiferentes (quando uma pessoa está infectada com o vírus HIV e outra não).

“A gente passou pelos critérios de avaliação do Governo do Estado e o município de São Gonçalo foi contemplado com a implementação da PrEP aqui. Tem tido um resultado muito positivo. A proposta da prevenção combinada é fundamental e foi um ganho muito grande para o município, uma vez que não precisamos encaminhar a nossa população chave para outras cidades. Aqui mesmo é possível fazer o tratamento!”, destacou a coordenadora do Programa Municipal de Ist/Aids, Evelin Mendonça.

A médica Maria Inês, que atua no Programa e realiza os atendimentos na Clínica do Barro Vermelho, destaca que o PrEP previne apenas contra o HIV, sendo fundamental a utilização da camisinha na proteção de outras infecções.

“É fundamental o uso da camisinha. O cuidado com si mesmo e com o outro. A PrEP faz parte de um conjunto de ações de redução de danos. Ela não vem para tirar a responsabilidade das pessoas em relação a vida delas. Ela vem a ser um coadjuvante na luta contra a transmissão desse vírus que ainda não tem cura!”, destacou a médica.

O tratamento funciona na característica de livre demanda e portas abertas. Ou seja, sendo do grupo prioritário basta comparecer à Clínica. No local será realizada uma entrevista e no mesmo dia o paciente realiza o teste rápido e passa pelo atendimento médico, onde a pessoa recebe o encaminhamento para exames laboratoriais como hemograma, dentre outros.

PEP – Diferente da PrEP, a profilaxia pós-exposição (PEP) consiste na tomada de três medicações – tenofovir, lamivudina e dolutegravir – durante 30 dias para prevenir a infecção pelo HIV.

Ela foi inicialmente desenvolvida para prevenção em casos de acidentes biológicos em ambientes de cuidado À saúde, bem como para vítimas de estupro. Atualmente também é disponibilizada para casos de exposição sexual consentida.

Além de tomar a medicação por 30 dias, é importante lembrar que a pessoa exposta tem que iniciar a tomada dos remédios em até 72h após o contato sexual.

São Gonçalo e o HIV – São Gonçalo, atualmente, através dos três Serviços de Atendimento Especializado (Saes), localizados na Clínica Municipal do Barro Vermelho, Polo Sanitário Hélio Cruz e Clínica Municipal Zerbini, acolhe 3.876 pacientes soropositivos em tratamento utilizando o coquetel antirretroviral.

Em média, semanalmente, São Gonçalo realiza mais de 300 atendimentos de testagem rápida, acolhendo moradores do município e regiões vizinhas como Maricá, Itaboraí e Niterói. Somos uma das únicas cidades do Estado que realiza o atendimento em demanda espontânea, sem restrição aos demais municípios, e seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, cada caso positivo é notificado. De acordo com levantamentos do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), a maior incidência de casos de HIV é de jovens entre 15 e 29 anos, com uma média de 13 a 17 casos por semana.

Em 2019, a Secretaria de Saúde de São Gonçalo, através do programa Municipal de Ist/Aids, aumentou o número do Serviço de atendimento especializado (SAE). Hoje, são Gonçalo possui três pontos do programa com testagem rápida e tratamento para o HIV , com infectologistas e enfermagem e também aumentou o número de Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Segundo a enfermeira do Programa, Monique Gonzalez , além da ampliação do atendimento, todos os profissionais da rede também estão sendo capacitados numa perspectiva humanizada do cuidado e tratamento.

“Todas as unidades têm feito ações de conscientização, assim como todos os profissionais da atenção básica tem sido constantemente capacitados para o atendimento!”, destacou a enfermeira, ressaltando ainda que isso permite que mais pessoas tenham acesso ao Programa.

De janeiro a outubro deste ano, a Clínica Municipal Doutor Zerbini detectou 27 novos casos de HIV, e o Polo Hélio Cruz contabilizou 207. Só este ano, mais 315 novos pacientes foram inseridos no processo de tratamento.

SERVIÇO

Clínica Municipal do Barro Vermelho
Endereço : Rua Heitor Levi, 34, Barro Vermelho

Autor: Thayná Valente
Foto: Jonas Guimarães
Fonte: Semsa

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