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‘Imprudência Custa Caro’: acidentados de motos lotam clínicas de fisioterapia

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Publicado em:  24/09/2025

Recuperação de pacientes é demorada e aumenta fila de espera nas unidades

A Clínica Municipal Gonçalense do Colubandê é o local de destino para as vítimas de acidentes de trânsito que passaram por algum tipo de cirurgia ou trauma nas unidades de emergência na cidade e no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê. A unidade dá continuidade ao tratamento ambulatorial com retirada de gesso e pontos, raio-x, curativos e atendimentos de ortopedia e fisioterapia. 

    O setor de fisioterapia da unidade realizou, nos primeiros sete meses do ano passado, 3.264 atendimentos. Neste ano, no mesmo período, já foram realizados 5.159, um aumento de quase dois mil casos. Só no último mês de julho foram 961 atendimentos – o maior número desde o início do tratamento na clínica. Boa parte relacionado aos acidentes com motos. Por conta do aumento de acidentes na cidaed, a Prefeitura de São Gonçalo, em parceria com o Heat, realiza a campanha de alerta: “Imprudência custa caro”.

     Entre as vítimas em tratamento de fisioterapia na clínica estão o motoboy Lúcio Mauro Borges da Silva Júnior, de 21 anos; e o ajudante de caminhão Juan Duarte, 24, que sofreu dois acidentes no intervalo de cinco meses. No primeiro, quebrou o dedo do pé direito. E, no segundo, há três meses, quebrou o tornozelo direito. Sem poder trabalhar, ele está recebendo o suporte financeiro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).    

     “Na primeira vez, só quebrei o dedo. Na segunda, eu estava entrando na Praça do Galo Branco e o carro me pegou de frente. Fiquei internado no Pronto Socorro (Central, no Zé Garoto) uma semana, coloquei dois parafusos e fiquei sem andar, o que impactou muito a minha vida porque eu moro sozinho. A minha sorte é que trabalho com carteira assinada, mas também trabalhava como motoboy para completar a renda e tive que deixar de fazer”, contou Juan. 

    Ele precisou fazer dez sessões de fisioterapia, mas provavelmente este número vai aumentar. Além da segunda renda extra como motoboy, também teve que abandonar a terceira, como jogador de futebol. “Não sei quando estarei completamente recuperado. Eu também jogava futebol, que era mais uma renda. Está sendo horrível. É muito difícil fazer tudo dentro de casa sem mobilidade. Agora, vou ficar mais cauteloso. Tenho que prestar mais atenção nos outros também. Graças a Deus e à fisioterapia, estou conseguindo me movimentar melhor”, opinou Juan.

     Há quatro meses, Lúcio Mauro também viu a sua vida ser transformada quando se acidentou em Alcântara. “Quebrei a fíbula (osso da canela), tive que colocar chapa e cinco parafusos, fiquei internado três semanas no Alberto Torres. Fiquei imobilizado, tive que usar muleta um mês até conseguir pisar de novo, depois usei bota até o médico liberar a fisioterapia”, explicou o motoboy. 

     Prestes a terminar dez sessões de fisioterapia, ela recuperou os movimentos e consegue andar.

Retranca com fisioterapeuta

    Um dos trabalhos mais necessários após acidentes de trânsito é o de fisioterapia. Quase a totalidade das vítimas necessita de reabilitação pós-alta hospitalar. Isso significa que os gonçalenses que estão na fila eletiva para o tratamento podem esperar mais tempo, já que as pessoas que passaram por algum tipo de cirurgia terão prioridade e podem realizar o tratamento por meses. 

     “Reabilitar pós-fratura é um trabalho de reabilitação motora bem direcionado e específico. Dependendo do tempo que o paciente ficou inativo, sem poder pisar, sem andar, a gente tem que fazer um fortalecimento muscular, alongamento e exercícios para dar estabilidade e equilíbrio ao membro acometido. É um tratamento mais trabalhoso e que o paciente fica muito mais tempo, pois ele faz mais de 30 sessões, dependendo de cada caso. São tratamentos de médio a longo prazo”, explicou o fisioterapeuta Hamilton José do Patrocínio.

     O profissional destaca o aumento de solicitações para os tratamentos nos últimos meses na clínica. “A cada 15 dias, aparecem solicitações de vagas para os acidentados de motos. Subiu muito o número de casos de acidentes. A campanha de conscientização é muito importante, principalmente na faixa etária até 35 anos. O índice está muito alto e gera muito custo para o SUS e para o município. A imprudência custa caro”, finalizou o fisioterapeuta. 

     O objetivo da campanha “Imprudência Custa Caro” é alertar os motoristas, principalmente aqueles que pilotam moto e que, normalmente, são os mais prejudicados nos acidentes de trânsito – a maior parte gerado por imperícia, negligência ou imprudência de quem está ao volante.

      Todos os dias, pelo menos, 30 acidentes acontecem com motos na cidade. Nos finais de semana, esse número pode dobrar. O resultado é a sobrecarga nas unidades de saúde, que deixam de atender aqueles que esperam por cirurgias eletivas e tratamentos. Toda a rede de saúde é impactada. Não só a urgência e emergência, mas a especializada e a básica, pois dão continuidade aos tratamentos e consultas pós-alta hospitalar.

Autor: Ascom
Foto: Fabio Guimarães

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