Saúde e Defesa Civil
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03/05/2025
Cerca de 80% da população que depende do Sistema único de Saúde (SUS) se declara negra. Como forma de pensar estratégias de acolhimento e cuidado, que contemplem as diferentes formas de adoecimento da maior parcela da população do Brasil (54%), sobretudo o racismo, a Secretaria de Saúde de São Gonçalo realizou nesta segunda-feira (18) o Fórum sobre Saúde Mental da População Negra. A atividade aconteceu no centro Cultural Joaquim Lavoura, na Estrela do Norte, e reuniu profissionais da Saúde, usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e estudantes.
Instituída no Brasil em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra tem como direcionamento garantir a equidade e a efetivação do direito à saúde de negras e negros. A política também reconhece que o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional são determinantes sociais das condições de saúde.
“Durante muito tempo os saberes da psicologia individualizaram muito os fatores do sofrimento. É importante destacar que o racismo é estruturante em nossa sociedade e a maior parte do público do SUS e da saúde mental são negros. A ideia aqui hoje é pensar estratégias de superação dos efeitos do racismo institucional e como ele afeta a nossa subjetividade!”, ressaltou Ueslei Solaterrar da Silva Carneiro, baiano que compôs a roda de conversa, graduado em psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), diretor do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Casa Verde, em Mesquita, mestrando em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (UERJ) e professor substituto de Saúde Mental do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Dentre os temas abordados, o atendimento humanizado foi destacado como prática de produção e promoção de saúde.
“Pensar a saúde mental da população negra é de extrema importância. Somos a maioria, assim como somos a maioria entre os pobres, sem acesso a recursos e direitos básicos. Se você não tem saneamento básico você não tem saúde, assim como a falta de acesso à educação e trabalho. Tudo está interligado, e faz com que adoeçamos mentalmente. O acolhimento começa quando essa pessoa é atendida em uma recepção, quando ela consegue acessar. Não podemos falar de acolhimento sem falar de um atendimento humanizado. Todos que atuam na instituição pública são agentes de acolhimento!”, frisou Lucileia de Souza Baptista, idealizadora e coordenadora do “Projeto Abayomi: Encontro Precioso”, graduada em Serviço social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com ênfase em Serviço Social da Educação, Pós-graduanda do Curso em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-brasileiras da IFRJ e membro do Grupo Ujima de Contadores de História Negra.
Para a coordenadora de Saúde mental do município, Cida Lobosco, a discussão é fundamental para se pensar a democratização e as especificidades no acesso à saúde.
“O racismo é sem dúvida um fator de adoecimento e a causa das tantas mortes da população negra neste país. Pensar o acesso à saúde e como possibilitar políticas públicas que acolham e não invisibilizem essa questão é fundamental!”, afirmou.
Autor: Thayná Valente
Foto: Jonas Guimarães
Fonte: Semsa
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